sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

nº 125 - O Balandrau e o Terno Preto


O Balandrau é uma vestimenta com tecido na cor preta, com mangas, fechada até o pescoço e é talar, ou seja, cobre até o nível do tornozelo (calcanhar). É muito semelhante à “batina” dos eclesiásticos da Igreja Católica Romana.

A origem é muito antiga, pois há evidencias de uso pelos membros do “Collegia Fabrorum” que era um grupo de pessoas que acompanhavam as guarnições romanas, no século VI a.C. e que reparava e reconstruía o que era destruído e danificado nas conquistas.

Posteriormente, foi usada pelos membros das “Associações Monásticas”, possivelmente herdeira de muitos ensinamentos do “Collegia Fabrorum”.

Segundo Mestre Nicola Aslan, nos parece que o uso do Balandrau é uma peculiaridade da Maçonaria brasileira, pois nenhum autor, fora do Brasil, se refere a ele como indumentária maçônica. Tudo indica que o uso do Balandrau remonta à ultima metade do século XIX, tendo sido introduzido na Maçonaria pelos Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de Lojas maçônicas e de Irmandades Católicas, Irmãos estes que foram o pivô da famigerada “Questão Religiosa”, suscitada no Brasil em 1872.

Aparentemente, essa vestimenta foi adotada pelos maçons brasileiros como substituto barato e mais confortável do traje a rigor preto, sem objeção por parte das altas autoridades maçônicas. Assim, o uso do balandrau não foi aprovado nem desaprovado, foi simplesmente tolerado, não constituindo, portanto, um traje litúrgico (N. Aslan).

Entretanto, não podemos esquecer que, no REAA, o “Ir. Terrível” usa um Balandrau com um capuz, também preto, a fim de não ser reconhecido pelos Neófitos.

Referente ao Terno preto, camisa branca e gravata preta (REAA) vamos buscar as informações nos livros do Mestre Castellani: “na verdade é usado um “parelho” indumentária composta de duas peças (paletó e calças) e, não de um “terno” composta de três peças (paletó, calças e colete)”.

Segundo ele, o uso dessa indumentária é devido, no Brasil, a majoritária formação católica dos maçons brasileiros, que não se desligaram, pelo menos até agora, do “traje de missa”, transformando as reuniões em verdadeiras convenções de agentes funerários.

Lembra ele que, o traje Maçônico é o AVENTAL. Em outras partes do mundo, principalmente em regiões quentes, os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas portando, evidentemente, o Avental. E trabalham muito bem, pois a consciência do maçom não está no seu traje. Como diz a velha sabedoria popular: “o hábito não faz o monge”.

Discutir tipo de traje a ser usado (com exceção do Avental) é algo que não leva a nada, pois o traje masculino sofre variações através dos tempos e, inclusive, varia, de povo para povo, na mesma época.

A própria Igreja, que é bastante conservadora, já abandonou certas exigências. A Maçonaria, por ser evolutiva e progressista deveria ir pelo mesmo caminho. O balandrau, como roupa decente, poderia, se quisessem, uniformizar o traje, o que é, também, uma maneira de mostrar a igualdade maçônica (J. Castellani).

M.'.I.'.Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

nº 124 - Tronco de Solidariedade


Tem também a denominação de Tronco de Beneficência, dos Pobres, da Viúva, etc. É o nome que se aplica à bolsa, saco ou sacola que circula na Loja e na qual se recolhe o óbolo dos maçons presentes. É realizado pelo Irmão Hospitaleiro antes do término da sessão.

O termo “Tronco” é um galicismo (palavra importada diretamente do Francês) e essa palavra francesa “TRONC” tem dois significados: tronco, propriamente dito, como tronco do corpo humano, tronco de árvore, tronco ferroviário, tronco familiar, etc. E é, também, a “caixa de esmolas” colocada na entrada das igrejas. Na verdade é uma caixa com uma fenda onde são colocadas as esmolas, e nela, normalmente está escrita a palavra “tronc”.

Obviamente, é com esse significado que essa palavra é usada na Maçonaria.

Isso mostra, mais uma vez, que a influencia da Maçonaria francesa no Brasil. Portanto, só existe circulação do Tronco nos Ritos de origem francesa, como é o caso do REAA, o Moderno e o Adonhiramita.

Os Ritos de origem inglesa não possuem a circulação do Tronco de Beneficência.


M.'.I.'.Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

domingo, 11 de dezembro de 2011

nº 123 - Rosa – Cruz e a Maçonaria


O pessoal mais antigo da Maçonaria é frequentemente questionado pelos maçons mais jovens, sobre a ligação entre a Maçonaria e o Rosacrucianismo.

A pergunta mais freqüente é se a Rosa-Cruz nasceu na Maçonaria, ou vice versa. Se têm muita coisa em comum, etc.

Na verdade elas são instituições totalmente diferentes, com origens diferentes.

É difícil dizer que não tem nada em comum, pois a Maçonaria tem uma parte “mística”, apesar da Maçonaria Especulativa, atual, ser uma construtora social, atuando no terreno político-social. Por sua vez, a Rosa-Cruz é uma instituição muito “mística”, num sincretismo de diversas correntes filosófico-religiosas: desde alquimia, gnosticismo cristão, cabalismo judaico até o hermetismo egípcio (Castellani).

Sobre a origem da Maçonaria já foi falado em diversas Pílulas anteriores.

Quanto a origem do Rosa-Cruz, apesar de alguns escritores ufanistas, dizerem que essa Instituição nasceu no Egito antigo, escritores sérios, com documentos concretos, como Frederico Guilherme Costa, demonstram que, na verdade, ela nasceu na Idade Média.

No livro “Maçonaria Dissecada” o escritor citado, nos diz que a primeira menção histórica da Rosa-Cruz, data de 1614, quando apareceu o documento “Fama Fraternitatis”, relatando as fantásticas viagens pela Arábia, Egito, Marrocos feitas pelo germânico Christian Rosen Kreuz.

Nesses países, adquiriu seus conhecimentos místicos e que foram, posteriormente, espalhados pelos quatro cantos do mundo, através de seus seguidores.

M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017