domingo, 17 de julho de 2011

nº 111 - Sincretismo Maçônico


Poucos Maçons sabem o que é "Sincretismo Maçônico". Vamos esclarecer, na medida do possível.

A definição de sincretismo, tirada do Dicionário Etimológico Antonio Geraldo da Cunha, é: a mistura de doutrinas ou concepções diferentes. Reunião de idéias ou teses de origens disparatadas. Ampliando o conceito, temos que, em Filosofia, é a reunião, num só sistema, de doutrinas heterogêneas.

Etimologicamente vem do Francês (syncrétisme) que veio do Latim (syncrétismus) tendo como origem, do Grego (sygkéstismós).

O Sincretismo Maçônico é, portanto, a mistura de práticas e costumes diferentes, de diversos Ritos, agregados num único Rito. Esse Rito, assim incrementado, perde suas características originais e fica deturpado. Existem diversos motivos para que isso ocorra: vaidade, invencionice, achismo, etc.

No Brasil, por existirem diversos Ritos reconhecidos pelo GOB (06) e por ser o Rito Escocês Antigo e Aceito o mais praticado, ele sofre influência e adaptações dos demais com bastante assiduidade.

É o caso, por exemplo, das palavras ou orações ditas no Átrio, antes do início da Sessão. Ou então, o fato do Mestre de Cerimônias andar em esquadria no Ocidente. São práticas ritualísticas praticadas em outros Ritos e estão sendo cada vez mais comum no R.E.A.A. Existem muitas outras, além dessas.

No Brasil os Rituais são escritos. A cada edição, novas deturpações podem ser acrescidas ao mesmo. O Ritual, que refere-se a um cerimonial, ou a um conjunto de regras que devem ser seguidas, modifica-se, desse modo, com o passar do tempo.

Nos países onde o Ritual é transmitido oralmente, ou seja, ele é decorado, o Sincretismo Maçônico é mínimo, embora existam cópias escritas do mesmo. É o caso da Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. Nesses países, as falas dos Oficiais em Loja são totalmente decoradas. Inclusive, nas Instalações, as falas do Grão Mestre e dos Oficiais da Comissão Instaladora, também são decoradas, como foi visto em recente visita em Lojas da Nova Zelândia, pelo grupo que lá esteve.

Com o Sincretismo Maçônico o Rito, seja ele qual for, empobrece, apesar de ter sido incrementado, pois perde sua originalidade.

M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

sábado, 9 de julho de 2011

n⁰ 110 - O Livro da Lei


De acordo com Alec Mellor, famoso escritor Maçônico francês, em "Dicionário da Franco Maçonaria", a conduta adotada por certa Obediência constitui um critério que permite apreciar a regularidade ou a irregularidade de seus princípios.

A Grande Loja Unida da Inglaterra, em 04 de setembro de 1929, lançou, e foi aprovado pela Franco Maçonaria universal, os "Princípios de Base" para o reconhecimento de regularidade de uma Grande Loja ou um Grande Oriente:

Art. 06: - As três grandes Luzes da Franco Maçonaria, o Livro da Lei Santa, o Esquadro e o Compasso, ficarão sempre expostos quando dos trabalhos da Loja.

A mais importante das três é o Livro da Lei Santa (The Volume of Sacred Law).

Nos países da Europa, da América, da Oceania, o L.L.S. usado é a Santa Bíblia, pois ela é o Livro Sagrado da grande maioria.

Segundo Mestre Castellani, a Bíblia só foi introduzida oficialmente nos trabalhos maçônicos, por George Payne, em 1740, como bajulação à Igreja Anglicana, e não a Católica, pois nessa época era a primeira que predominava na Inglaterra.

É sabido que o Livro da Lei, não é obrigatoriamente a Bíblia. Deve haver um Livro da Lei Sagrada que seja adotado por determinado povo com sua respectiva crença religiosa. Desse modo, poderá ser a Torá, "Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio" para os judeus. O Corão para os muçulmanos, ou o Rig Veda para os hinduístas, e assim por diante.

E, além disso tudo, ainda nos esclarece o Mestre Castellani, existem os Ritos chamados racionalistas, como o Rito Moderno ou Francês, por exemplo, que não usam nenhum Livro sagrado, mas, sim, o Livro da Lei Maçônica - a Constituição de Anderson, de 1723, em respeito à absoluta liberdade de consciência dos maçons, a qual não admite a imposição de padrões religiosos, pois as concepções metafísicas de cada um são de foro íntimo. Entretanto, tal atitude não permite o reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra, da Grande Loja ou Grande Oriente que a pratica.

Na Maçonaria Operativa não há duvidas que a Bíblia era usada nos juramentos da Ordem, devido a grande religiosidade reinante na época. Isso é citado em diversos Manuscritos, alguns deles transcritos no "Freemason´s Guide and Compendium" do Mestre Bernard Jones, do qual eu tenho a honra de possuir um exemplar na minha biblioteca.

O Livro Sagrado da Lei deve ser solenemente aberto e solenemente fechado no começo e no fim dos trabalhos. Sem a sua presença sobre o altar, estes não podem ser realizados, e a Loja não pode nem mesmo ser aberta.

M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017

sábado, 2 de julho de 2011

n⁰ 109 - Pedras Bruta, Cúbica e a Prancheta

As três Jóias Fixas da Loja, de acordo com a Simbologia do Rito Escocês Antigo e Aceito, são a Pedra Bruta, a Pedra Cúbica e a Prancheta (ou Tábua de Delinear). São chamadas de fixas pois ocupam sempre o mesmo lugar na Loja.

As definições que serão dadas abaixo foram baseadas nas opiniões de diversos escritores/historiadores maçônicos brasileiros e são subjetivas.

Pedra Bruta é aquela que, simbolicamente, o Aprendiz trabalha, transformando-a numa pedra com o formato cúbico ou de um paralelogramo, para que ela possa ser usada nas construções de alvenaria. É a pedra informe, que terá seu formato pré definido pelo Aprendiz.

 Para isso ele utiliza o Cinzel e o Maço. O Cinzel é uma pequena haste metálica, com uma das extremidades cortante que, batida pelo Maço, desbasta a pedra. O Maço é um bloco de pedra, ou de madeira dura, com formato cilíndrico, ou de um paralelogramo, com um cabo inserido, para uso manual.

Hoje, na Maçonaria Especulativa, simbolicamente, a Pedra Bruta é o próprio Iniciado. Ele terá seus defeitos pessoais e sociais corrigidos e aperfeiçoados, para serem utilizados na construção moral e ética de um mundo melhor.

Pedra Cúbica é a obra final do Companheiro Maçom que, simbolicamente, realiza seu trabalho, exaltando todas as suas formas. É a forma geométrica, o cubo ou o paralelogramo perfeito que se encaixa perfeitamente umas nas outras, deixando a construção sem espaços livres. Deve-se deixar claro que estamos falando de pedra cúbica e não, de pedra cúbica polida ou pedra polida. Qualquer pedra pode ser polida, entretanto, acho que não teria aplicação prática no trabalho dos canteiros medievais.

Hoje, na Maçonaria Especulativa, a Pedra Cúbica, simbolicamente, é a aquisição dos conhecimentos e seu aperfeiçoamento, cada vez mais, para aplicação na Construção Social.

Prancheta ou Tábua de Delinear é o objeto do trabalho do Mestre Maçom, onde este, simbolicamente, delineia e traça os projetos da construção. Normalmente é uma placa plana de madeira, com as dimensões aproximadas de 40cm x 60cm, que fica encostada no Altar, de frente para o Ocidente (ver Pílula Maçônica nº 63).

Hoje, na Maçonaria Especulativa, simbolicamente, é o exemplo e a orientação moral, dada pelo Mestre Maçom a todos que estão a sua volta, principalmente os Aprendizes e Companheiros.


M.'.I.'. Alfério Di Giaimo Neto
CIM 196017